Você consegue dar instruções sem usar as palavras “direita” ou “esquerda”? Em muitas culturas ocidentais, essas expressões são essenciais para a comunicação. Mas há línguas no mundo onde essas palavras simplesmente não existem. E isso afeta até mesmo a forma como os falantes percebem o espaço e se orientam no mundo.
Guugu Yimithirr: uma língua guiada pelo sol
Falada por povos indígenas no norte da Austrália, a língua Guugu Yimithirr substitui “direita” e “esquerda” por direções absolutas: norte, sul, leste e oeste. Isso significa que uma instrução comum seria “coloque o copo a sudeste da tigela”, mesmo em espaços fechados.
O impacto no cérebro
Pesquisas com falantes dessas línguas mostram que eles desenvolvem uma orientação espacial extraordinária. Mesmo em ambientes desconhecidos, eles conseguem apontar com precisão a direção dos pontos cardeais, sem bússola ou GPS. É como se tivessem um “GPS interno” altamente treinado desde a infância.
O que isso revela sobre linguagem e cognição?
Estudos da linguista Lera Boroditsky mostram que a estrutura da linguagem molda a maneira como pensamos. Em línguas que não usam “eu” como referência espacial, o mundo é percebido de forma mais objetiva e geocêntrica. Isso influencia desde a forma como se orientam até como se lembram de eventos.
Há implicações práticas nisso?
Sim. Conhecer essas línguas ajuda a entender melhor como o cérebro humano adapta seus mapas mentais e pode trazer insights para áreas como navegação autônoma, realidade aumentada e até IA. Além disso, destaca a importância da diversidade linguística como fonte de conhecimento sobre o próprio ser humano.
Quer se surpreender mais com como as línguas moldam a mente? Visite nossa categoria de Linguística e explore conteúdos que mudam sua forma de pensar.