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Quando pensamos em oceanos, geralmente imaginamos águas claras, peixes coloridos e recifes vibrantes. Mas a maior parte do oceano — mais de 80% — está em completa escuridão, abaixo dos 200 metros de profundidade. Este reino desconhecido, chamado de zona abissal e zona hadal, abriga algumas das criaturas mais bizarras e adaptadas do planeta Terra.
Como é viver sem luz?
Nessas profundezas, a luz do Sol nunca chega. A pressão é esmagadora, podendo chegar a mais de 1.000 vezes a pressão atmosférica. A temperatura se aproxima do congelamento, e o alimento é escasso. Mesmo assim, a vida prospera.
As espécies que habitam esse ambiente extremo desenvolveram adaptações extraordinárias. Muitas são bioluminescentes, produzindo sua própria luz para atrair presas, se comunicar ou confundir predadores. Outras têm bocas enormes, estômagos expansíveis ou dentes que não deixam escapar nada.
As criaturas mais bizarras das profundezas
- Peixe-diabo (Melanocetus johnsonii): famoso por seu apêndice luminoso que funciona como isca.
- Lula-vampiro: apesar do nome, ela se alimenta de matéria orgânica morta e tem tentáculos cobertos de filamentos sensíveis.
- Isópodo gigante: um parente dos tatuzinhos-de-jardim, mas com o tamanho de um gato doméstico!
Vida em fontes hidrotermais
Em 1977, cientistas descobriram fontes hidrotermais no fundo do oceano que liberam água superaquecida, rica em minerais. Para surpresa geral, encontraram ecossistemas inteiros ao redor dessas fontes — sem qualquer necessidade de luz solar. A base da cadeia alimentar ali são bactérias quimiossintéticas, que transformam compostos como sulfeto de hidrogênio em energia química.
Isso revolucionou a biologia marinha e até a astrobiologia: se a vida pode surgir no fundo do mar, ela também pode existir em oceanos subterrâneos de luas como Europa (Júpiter) ou Encélado (Saturno).
Por que explorar o fundo do mar importa?
Conhecer os oceanos profundos ajuda a entender a origem da vida, desenvolver novos medicamentos, e até monitorar mudanças climáticas — pois os oceanos armazenam grande parte do calor da Terra. No entanto, apenas cerca de 25% do fundo do mar foi mapeado. Estamos literalmente explorando mais o espaço do que nossos próprios oceanos.