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Você provavelmente já ouviu falar em bits: as menores unidades de informação de um computador clássico. Tudo o que você faz em seu celular, notebook ou assistente de voz está baseado em sequências de 0s e 1s. Mas existe uma tecnologia emergente que está desafiando completamente esse modelo: a computação quântica. E o mais curioso? Um bit quântico pode ser 0 e 1… ao mesmo tempo.
O que é um qubit e como ele muda tudo
Na computação tradicional, os bits operam em estados binários: ou estão em 0, ou em 1. Mas na computação quântica, as unidades básicas são os qubits. Um qubit pode existir em um estado de superposição, ou seja, representar simultaneamente 0 e 1 até que seja medido.
Imagine jogar uma moeda: enquanto ela está no ar, você não sabe se será cara ou coroa. Na lógica quântica, a moeda estaria nos dois estados ao mesmo tempo até ser observada. Essa propriedade permite aos computadores quânticos processarem um número muito maior de combinações em paralelo.
Entrelançamento: o fenômeno quase mágico que conecta partículas à distância
Outro princípio que impulsiona a computação quântica é o emaranhamento quântico (ou “entrelançamento”). Partículas quânticas entrelaçadas compartilham um estado comum, mesmo que estejam separadas por quilômetros de distância. Ao alterar uma, a outra muda instantaneamente — um fenômeno que Einstein chamou de “ação fantasmagórica à distância”.
Nos computadores quânticos, isso permite que qubits trabalhem em conjunto de maneira extremamente eficiente, algo que não tem paralelo no mundo da computação clássica.
O poder de quebrar códigos e resolver problemas complexos
Uma das grandes promessas da computação quântica é sua capacidade de resolver problemas matemáticos complexos que levariam milhares de anos para serem solucionados por supercomputadores tradicionais. Isso inclui desde otimizações logísticas até simulações químicas de moléculas para descoberta de novos medicamentos.
Um dos maiores impactos será na criptografia. Algoritmos de segurança atuais, como o RSA, se baseiam na dificuldade de fatorar números primos muito grandes — algo que um computador quântico com qubits suficientes poderia fazer em minutos.
Já é realidade?
Sim, mas com limitações. Empresas como Google, IBM e startups como D-Wave e Rigetti já construíram processadores quânticos reais. Em 2019, o Google anunciou que seu processador Sycamore realizou um cálculo específico em 200 segundos que levaria cerca de 10.000 anos em um supercomputador convencional. Mas ainda estamos longe de ter computadores quânticos para uso cotidiano — os sistemas atuais requerem temperaturas próximas ao zero absoluto para funcionar.
O futuro: medicina, inteligência artificial e além
A computação quântica promete acelerar simulações biológicas complexas, criar novos materiais com propriedades inéditas e turbinar algoritmos de IA. Cientistas acreditam que ela será essencial para desvendar mistérios fundamentais da física, como a interação entre gravidade e mecânica quântica — algo que poderá transformar nosso entendimento do universo.